sexta-feira, 10 de junho de 2011

Não dá pra mudar o mundo

Nostalgia: amigas jornalistas em uma mesa de bar no centro do Recife
Foto tirada em 09/05/2008 às 10h42

   Pela primeira vez, depois de quase 6 anos de formada (!!), assisti ao DVD dos eventos da formatura. Aula da saudade, culto ecumênico, tantos momentos especais. Um filme me vem à cabeça: começo a lembrar que, diferente de muitos na minha sala (talvez a maioria), nunca fui idealista. De verdade, não fiz jornalismo para mudar o mundo. Nunca tive pretensões de lutar por uma causa. Falo isso porque um dos professores homenageados, Stella Maris, da cadeira de televisão, chegou a falar algo bonito pra minha turma, intitulada FILHOS DA PAUTA: vocês têm o mundo pra consertar e um país inteiro pra construir.

   Nos últimos anos não tenho pensado em causas tão nobres. Quero o bem, ajudo as pessoas como posso, com pequenas ações, gentilezas e um sorriso. Talvez ela estivesse falando sobre o mundo a nossa volta né?
Também na aula da saudade, o professor Álvaro Filho, da cadeira de redação, se não me engano - minha memória continua ruim como na época de aluna da Universidade Católica de Pernambuco - falou sobre "fazer um exercício para não achar as coisas naturais". Talvez, na época, meu "coração de estudante" não alcançasse a profundidade do que ele queria dizer. Hoje sei, na prática, do que se trata. Nós, a imprensa, relatamos desgraças e coisas ruins diariamente e a rotina acaba nos anestesiando. Mas não é porque é comum ver certas situações que posso achá-las normais. Preciso SEMPRE indignar-me com a miséria que relato em tantas matérias, com os crimes escabrosos que já precisei contar, com a inoperância do poder público, com a dura realidade de ver gente que paga TODOS os impostos e não ganha em troca benefício algum do governo.

   Outro dia estava em um hospital, o completo caos, com gente há mais de 10h à espera de atendimento. Um senhor olhou pra mim desesperado e disse: me ajude! Me senti tão impotente. Minha arma era o microfone e o máximo que pude fazer foi deixar as pessoas falarem através dele. Mas isso é muito pouco para a dor que eles sentiam. Gente com perna quebrada há horas, mulher grávida precisando dar à luz mas a falta de leito não permitia isso, etc... Exibimos a matéria. Mas e aí? Algo mudou? Não. Permitam-me a expressão, mas tá tudo a mesma merda. O caos continua nos hospitais e em tantos outros setores. Licitações. Burocracias. Falta de vontade política. Não dá pra consertar o país desse jeito. Muito menos mudar o mundo. Mas ainda bem que acredito em milagres!


       No dia-a-dia eu não tenho tempo p filosofar...
posso fazer isso aqui no blog, certo? ;)

10 comentários:

  1. A sua mudança, Lívia, está no fato de que como repórter, pelo menos, pode retratar e denunciar... não seria pior a omissão? Eu tenho certeza que você muda o mundo ao seu redor; todos os dias, inclusive. Estou daqui de Maceió mandando muitos elogios para o seu blog: um retrato da sua lucidez! Obrigado!

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  2. Lívia, sei bem o que é isso. também não fiz jornalismo pra mudar o mundo e também não acredito que, por mais que a gente faça matérias dobre violência, diariamnete, isso queira dizer que nós temos que achar td normal ou banalizar o assunto. A cada dia, cada pauta, uma é diferente da outra e, sim, cada uma me toca de alguma forma. Adorei o seu post.
    Lorena.

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  3. O melhor post de todos..muito bom!! Dura realidade que só é amenizada com Jesus...ofereça Ele, quando possível, e SEMPRE no impossível, que só Ele pra dar o refrigério para as almas!
    te amo linda. bjs

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  4. @Gigio - obrigada pela "lucidez"!

    @Lorena - vc sabe bem do q to falando ne? q bom q gostou =)

    @Gordinha - é irmã, só Jesus msm p aliviar tanta dor. Q bom q tenho esse Deus de milagres p "oferecer" ne? ;)

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  5. Livuskaaaa, que bom nos ver nessa fotinha =) Saudades demais!!! Em relação ao texto, eu concordo com o primeiro comentário (Giovanni)... a mudança tá sempre ocorrendo Li, nunca como nós gostaríamos que fosse, mas as coisas mudam sim. Um dia nós mulheres não podíamos votar ou mesmo trabalhar fora de casa... hoje em dia, estamos em outra(s) posição (ões), por exemplo. Acho que a gente tem procurar fazer o nosso melhor e é isso... beijos, te amo mtooo!

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  6. Livinha,
    Tenho tanto orgulho de vc. Vc é toda linda por fora e por dentro.
    É tão difícil não ir achando tudo muito normal e natural com o passar do tempo, ao ver tanta miséria e desgraça...
    Concordo que temos que lutar sempre para que continuemos a achar absurdas determinadas coisas que vemos, assim como também devemos fazer pequenas coisas que são possíveis, pois com certeza ameniza a dor de quem sofre.
    Saudadeeeees de vc!!!!! Beijoo

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  7. @Marina - xixinha linda, eu sou otimista e acredito que há mudanças, mas pro "povo" é mais difícil ver alguma coisa... enfim! c'est la vie! pelo menos temos q "abrir a boca" - e podemos. Sim é verdade, precisamos pra isso fazer o nosso melhor!

    @Cassandra - cassi temos msm q fazer pequenas coisas p ajudar, pelo menos os q estão nossa volta ne? e mudar o mundo ao nosso redor. se tds pensarem assim, talvez um dia TODO o mundo mude!
    vc q eh linda por fora e por dentro!!! =)
    to c saudade demaisss!

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  8. Livia, amei o blog e o seu texto maravilhoso. Realmente com o mundo em que vivemos desse jeito nos sentimos imponentes. Mas não podemos deixar nos abater, um simples gesto, como vc disse faz muita difenreça. boa sorte e tudo de bom, beijos

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  9. @Mariana - marii!! q bom q vc gostou do blog, apareça mais vezes por aqui!! =))
    bjuuu

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  10. Liv, acho que mudar o mundo, como vc colocou, é fazer alguma diferença. Pode ser sim com sorrisos, abraços ou apenas ouvindo. Mais do que salvar vidas, ouvir vidas é nosso maior desafio e destino final da profissão. E se admirar ou espantar com os absurdos do cotidiano é obrigação de todos os que querem ser humanos, não apenas nossa. Adorei o texto. Amo vc. bjs.

    Thatiana Pimentel

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