quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O que perguntar????


Tem hora que você não sabe o que perguntar. Tem muuuitas horas em que isso acontece! 

    
    Como por exemplo no dia em que o lutador de MMA se encontra com o governador só pra "fazer a média" e agradecer o patrocínio no evento de luta. O que eu ia escrever? Pior, o que perguntar para ter sobre o que escrever? Não tinha nenhuma informação sobre a luta ou o evento. Então pedi ajuda a um colega, que falou que faria perguntas. 
    Na hora "H", onde estava a criatura? Me vejo eu, a produtora que grava pro governador (e não faz perguntas) e um microfone de outra emissora sendo segurado pelo auxiliar. Normalmente quando isso acontece, só pergunta o repórter. Ou seja, eu era a única repórter de TV e eu portanto teria que fazer as perguntas. Um outro jornalista segurava um gravador. Deveria ser de jornal impresso, mas não fez menção de que começaria a coletiva. Pois bem. Comecei eu né? Nem lembro o que perguntei pro lutador, sei que o tal repórter com o gravador me salvou depois e fez mais perguntas sobre o esporte e o histórico do atleta. Na hora do governador, perguntei primeiro o básico sobre "porque apoiar um evento como esse". Depois pensei: "quer saber?" Vou descontrair esse negócio! E tá aí o que saiu! Rsrs Assistam:

 

    Aproveitando a deixa sobre perguntas... Um outro dia, fazia a matéria de um homem que foi rendido e teve o carro roubado. Na hora da entrevista, todos ansiosos pra entender o caso e arrancar alguma declaração interessante, eis que vem a pérola: 

Repórter X: Você sentiu medo? 
A vítima: O que você acha?

    Ahh vá... Gente!! Não seria melhor perguntar: "o que o senhor sentiu na hora?". Resposta: "senti medo, achei que fosse morrer, quis sair correndo!". Ficaria melhor pra todos, não? 

Se o diálogo fosse com seu Lunga:
Repórter X: sentiu medo?
Seu Lunga de vítima: Não. Adoro ter uma arma apontada pra minha cabeça. Você não?
                                                     
                                                (clique para aumentar)                                                              
                                                                                                       
 - O senhor fuma charuto?
- Não senhora. É que eu estou treinando pra pai de santo!




quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Reportagem póstuma para um momento histórico

    Ter feito a cobertura do velório de Niemeyer foi marcante pra mim. Morando em Brasília passo por obras do arquiteto a todo momento - quando não estou nelas! Um privilégio. Agradando ou não, o que ele fez não passa despercebido. Mas esquecendo os traços e passando pra notícia.... O jornalismo, por muitas vezes, é frio. A cada internação do homem (foram inúmeras), a redação se preparava para a morte. Porém logo vinham as manchetes:

"Saúde de Niemeyer tem 'franca melhora" Estadão
"Niemeyer melhora e pode ter alta" brasil247
"Médico diz que Oscar Niemeyer apresenta melhora, está lúcido e pergunta sobre projetos" UOL

 

    Incansável e invejável! Mas como uma hora ele ia ter que nos deixar.... Começamos nós, jornalistas, a preparar a "gaveta" (como chamamos as matérias que NÃO vão ao ar imediatamente). Fiz, há um mês, a matéria sobre a Torre Digital, última obra em que ele se envolveu diretamente. O material foi pra gaveta póstuma (o póstuma é por minha conta). A matéria só entraria quando Niemeyer morresse. Infelizmente (mas "enfim", pensaram muitos) aconteceu. Abaixo tem as entradas que fiz ao vivo no jornal durante o velório e a tal matéria feita um mês antes da morte do arquiteto.


 

Aproveitei que a imprensa podia "furar a fila" e passei ao lado do caixão. Isso prefiro não comentar.... Realmente é bom lembrar sempre da pessoa em vida.






Vamos ao clichê final: vivi ou não vivi um momento histórico? ;)