terça-feira, 3 de abril de 2012

Alzheimer: desafio para um repórter

   
    Dependendo do VT, o repórter consegue escrever a passagem. Ou seja, aquele trecho que ele aparece falando, ele escreve, decora e grava. Masss dependendo da matéria, não dá pra fazer isso. O momento vai dizer o que fazer. Nesse VT que fiz semana passada por exemplo, eu nem ia fazer passagem. Já estava no fim do ensaio e não tinha como pedir que ficassem cantando mais tempo, já que eles estavam "ensaiando" há 1 hora.  Os coristas eram idosos com alzheimer. Mas para contrariar minhas expectativas, a reportagem ficou assim:

UMA INICIATIVA PIONEIRA, DESENVOLVIDA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA, ESTÁ GARANTINDO QUALIDADE DE VIDA A IDOSOS PORTADORES DE ALZHEIMER.  O H.U.B., QUE É CENTRO DE REFERÊNCIA PARA O TRATAMENTO DA DOENÇA NO DF, DESENVOLVE O PROJETO "PINTANDO O SETE AOS SETENTA". ENTRE AS ATIVIDADES, ESTÁ O CORAL CONVIVER, QUE VOCÊ VAI CONHECER AGORA.

 

    Essa doença me impressionou muito. A senhora que estava chorando e depois ficou bem tem 65 anos. Meu referencial de terceira idade é o melhor possível, graças a avós ativos que tenho. Bem, ela com 65 anos está em um estágio avançadíssimo da doença. De acordo com a moça que a acompanhava, dona Edilamar havia sido psicóloga da polícia - não lembro se civil ou militar. Parecia uma criança. Chocante. 


     Aliás, entrevistá-los foi bem complicado. Podem perceber que, na verdade, só há dois entrevistados na matéria. As outras (os pacientes) cantam, dançam, mas não conversam. Não sabia como conversar com eles. Quando pensei ter encontrado uma maneira, pouco adiantou. Resolvi traduzir toda a dificuldade em música. E eles cantaram.

Cada dia um desafio. O que será que me aguarda amanhã?